Em 1959, Jorge Amado publica, na revista Senhor, um texto que alguns consideram a sua obra-prima; outros, indo além, dizem que é a melhor novela de toda a literatura brasileira. Trata-se de A morte e a morte de Quincas Berro Dágua. E o que se tece aí é a metamorfose de Joaquim em Quincas. Simples. Aos 50 anos de idade, o irrepreensível cidadão Joaquim Soares da Cunha - funcionário público exemplar, bom pai e bom esposo - resolve dar um murro na mesa. Chutar pra cima as velhas regras, princípios e condutas. Deixa ele, então, casa e família e se muda para uma pocilga no Tabuão, a fim de cair na farra e na gandaia, transformando-se em Quincas Berro Dágua, cachaceiro supremo, jogador imbatível, mimo das mulatas, rei dos vagabundos da Bahia. Um belo dia, Quincas é achado morto em seu quarto. Avisada, a família entra em campo para reconverter Quincas em Joaquim, dando-lhe enterro decente e, quem sabe, conseguindo apagar da memória os anos de sua maluquice. Mas o plano se frustra. Velhos amigos de Quincas acabam ministrando cachaça ao finado. É o suficiente para que Quincas se levante e saia com eles para a grande esbórnia final. Acabam colhidos por um temporal, no meio do mar. Quincas se ergue e, entre relâmpagos, se atira do barco, para ter o enterro que sempre quis - no meio das águas.
Publicada inicialmente no número de maio de 1959 da revista carioca Senhor, com ilustrações de Glauco Rodrigues, a novela teve sua 1ª edição, pela Livraria Martins Editora, São Paulo, em 1961, reunida com A completa verdade sobre as discutidas aventuras do comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão de longo curso, sob o título Os velhos marinheiros, constituindo o tomo décimo quinto, volume XV, das "Obras Ilustradas de Jorge Amado", 321 páginas. O livro, em edições sucessivas, reproduzindo as mesmas ilustrações, com capa de Carybé e retrato do autor por Carlos Scliar, foi publicado, até a 36ª edição, em 1975, pela mesma editora.
A novela A morte e a morte de Quincas Berro Dágua teve uma edição especial comemorativa do trigésimo aniversário da Livraria Martins Editora, ilustrada por Floriano Teixeira, em abril de 1967, 72 páginas. A 38ª edição, também em volume separado, foi lançada pela Editora Record, Rio de Janeiro, em convênio com a Livraria Martins Editora, de São Paulo, em 1975, com 102 páginas, crônica de abertura de Vinicius de Moraes, retrato do autor por Carlos Bastos, foto do autor por Zélia Gattai, capa e ilustrações de Floriano Teixeira. Daí em diante, vem saindo pela Editora Record, Rio de Janeiro, e a 81ª edição, a mais recente, 1999, com fixação de texto por Paloma Jorge Amado e Pedro Costa, tem capa de Pedro Costa com ilustrações de Floriano Teixeira, sobrecapa de Carybé, ilustrações de Floriano Teixeira com vinhetas por Pedro Costa; retrato do autor por Jordão de Oliveira, foto da sobrecapa de Zélia Gattai. Em 1978, foi publicada uma edição especial de luxo, a 43ª, edição limitada, com 71 páginas duplas, capa e ilustrações de Carybé pelas Edições Alumbramento Livroarte Editora Ltda., do Rio de Janeiro.
Foi publicado em Portugal e traduzido para o alemão, árabe, azerbaidjano, búlgaro, chinês, dinamarquês, espanhol, esperanto, finlandês, francês, hebraico, húngaro, inglês, italiano, japonês, lituano, macedônio, moldávio, polonês, russo e tcheco.
Teatro: Quincas Berro Dágua, adaptação de João Augusto Azevedo, encenada pelo Teatro Livre da Bahia, Roberto Santana Produções, no Teatro Vila Velha, em novembro/dezembro de 1972 e no Teatro Castro Alves, em fevereiro de 1976, ambas em Salvador, Bahia; em 1988, adaptação de Yvon Chaix, na França; em agosto de 1995, adaptação de Claudius Portugal, Teatro Castro Alves, Salvador.
Televisão: adaptação para telenovela, TV Tupi, Rio de Janeiro, 1968; As mortes de Quincas Berro Dágua, adaptação de Wálter Avancini e James Amado, Rede Globo de Televisão, na série "Caso Especial", dezembro de 1978, com a participação de Paulo Gracindo, Dina Sfat, Stênio Garcia, Flávio Migliaccio, Antônio Pitanga e outros.
Fonte: Fundação Casa de Jorge Amado